Ucrânia vs Rússia: O início do fim ou o começo do derradeiro início?


A instabilidade da Crimeia a escalar continuamente, veio a ser agravada com o incidente entre as forças navais ucranianas e russas no dia 25 de novembro. A Crimeia é ponto de disputa, desde o século XVIII, no entanto, 2014 veio marcar o clima internacional na zona oriental da Europa até aos dias de hoje. Após a invasão pelas forças armadas russas apoiadas por separatistas pró-russos de grandes edifícios do governo ucraniano, bases militares e instalações de telecomunicações da península, forçaram as autoridades locais a realizarem um referendo sobre "reunificação com a Rússia". Referendo posteriormente, considerado ilegal pela ONU, sendo então a Crimeia considerada por esta um território ucraniano sob ocupação russa.

Anteriormente, acreditava-se que a tensão entre os dois países era apenas uma demonstração de força e nenhum quereria entrar realmente num conflito armado. No entanto, apesar de o incidente entre as forças navais ucranianas e russas a 25 de novembro de 2018 ser apenas o mais recente numa longa lista de confrontos, este momento é diferenciador, é de facto, o primeiro confronto militar direto entre os dois países. Um navio de carga russo impediu que três navios da marinha ucraniana passassem sob a Ponte da Crimeia. Após a perseguição pelas forças especiais russas, estas atacaram e apreenderam os navios ucranianos, resultando em seis tripulantes ucranianos feridos.

A resposta ucraniana não tardou, quando o parlamento ucraniano aprovou o fim de um tratado de amizade e cooperação com a Rússia e a instalação da lei marcial, entretanto retirada. Por parte das instituições europeias, houve como resposta a 21 de dezembro de 2018, a prorrogação das sanções económicas que visam setores específicos da economia russa, e que acabam por afetar, neste ato de punição não violenta, a própria organização europeia. Resultado oposto aos objetivos de Vladimir Putin, visto a Rússia já deter uma imagem negativa, e este ser pressionado pelo povo russo, verificando-se assim a questão doméstica que afecta a política externa do actor internacional russo.

 Durante o 25º Conselho Ministerial da Organização Para a Segurança e Cooperação na Europa, vários políticos europeus, especialmente da Europa de Leste, apelaram ao reforço das sanções contra Moscovo. A reação dos EUA tem também sido forte, quando decidiu implantar um navio de guerra no mar Negro, a fim de monitorizar a situação e reforçar a sua persuasão. É possível que o governo russo não estivesse disposto a provocar uma escalada do conflito contra a Ucrânia. Supostamente, Moscovo preferiria o afrouxamento das sanções económicas da União Europeia. Além disso, o Kremlin quer mostrar-se como um parceiro credível e prestigiado, a fim de aumentar a cooperação com os países ocidentais e outras áreas do mundo.

Ambos os países têm interesses em evitar um possível aumento do conflito. Um conflito encarado como a bomba no quintal da Europa. Apesar do recente aumento das sanções sobre a Rússia, com a procura desta de se fazer afirmar como parceiro fiável, assim como, a mudança de presidência na Ucrânia, que já declarou que deseja "relançar" o processo de paz com a Rússia. Associado à afirmação do primeiro-ministro russo em que estarão dispostos a dialogar. É visível finalmente uma luz ao fim do túnel para este conflito que já dura há demasiado tempo.

Na procura pela saída do conflito, através de uma intervenção política, foi decretado a facilitação da cidadania russa a ucranianos, ao qual o novo presidente da Ucrânia, afirmou que os ucranianos rejeitarão a oferta e propôs por seu lado passaportes ucranianos para russos que sofrem do autoritarismo de Putin. A União Europeia condenou imediatamente a primeira oferta de Putin de dar passaportes russos aos habitantes das regiões separatistas, acusando o Presidente russo de tentar “desestabilizar” a Ucrânia, neste período de transição presidencial.
Sem dúvida que a solução confiável e realizável passa pela pressão mais forte das organizações internacionais e regionais, que impulsionará também a diplomacia pública, para que a Rússia devolva o território a quem pertence. Nesse contexto, a 18 de dezembro a Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) adotou uma resolução pedindo à Rússia que retirasse as suas forças da Crimeia. Além disso, a Organização Para a Segurança e a Cooperação na Europa,  já iniciou uma missão de monitoramento especial para Donbass
  O dia de 25 de novembro terá sido o descalabro da situação a nível militar que ninguém queria, provocando o alarme nas organizações internacionais para tentarem por um fim ao conflito que afeta todo o Ocidente, e nos próprios países para chegarem a acordo. Por mais que a Rússia tente desinformar leitores menos atentos e distorcer os factos com artigos sem teor fundamentado, como o artigo de opinião do embaixador da Federação Russa em Portugal, a verdade é que a Crimeia é Ucrânia.

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Cartoon. Fonte: https://www.cartoonmovement.com/cartoon/13747
Susana Rodrigues
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