O século XX
revelou-se um século de bastante experiências e aprendizagens para o ser
Humano. Fruto de um grande desgaste não só europeu como Mundial, desde 1910 até
perto dos seus últimos anos, este século providenciou cenários nunca antes
vistos, como militares, políticos e sociais que se quereriam evitar ao máximo
no futuro. Devastado por duas guerras mundiais, por diversas mudanças
políticas, uma bipolarização do globo entre as duas principais potências
mundiais, assim como pelas ideologias políticas fraturantes que dividiam as
classes sociais, a extrema direita foi uma presença assídua no desenrolar de
todos estes acontecimentos.
Entre o
período de 1922 e 1945 esta ideologia significou para a Europa um grande
símbolo de poder, começando em 1922 com a Marcha sobre Roma de Mussolini em
Itália, continuando com a aprovação da constituição apelidada de “Estado Novo”
em 1930 em Portugal e a conquista do poder pelos Nazis na Alemanha em 1933. De
forma consequente, deu-se a segunda guerra mundial, encontrando um fim
vitorioso para as democracias em 1945 e que viria a ditar o fim dos governos de
extrema-direita, resistindo apenas o regime salazarista até 1974, altura em que
seria derrubado. Toda esta fase negra da história do século XX, encontraria uma
fase de bipolarização mundial, entre o bloco capitalista comandado pela Grande
Potência Mundial Estados Unidos da América e o bloco Comunista tendo como líder
a União da Repúblicas Socialistas Soviéticas. Vivia-se não só a chamada Guerra
Fria, como também o período dos trinta anos gloriosos que se estendeu entre
1945 a 1975 e que simbolizou uma época de grande desenvolvimento não só
económico como também demográfico, que projetou tanto os países derrotados como
os vencedores para um patamar que permitiu começar a pensar no Estado- Social e
na sua importância a nível nacional.
No que se
relaciona com o Continente Europeu, o projeto unir os Estados que anteriormente
se tinham encontrado de costas voltadas, começa a ganhar força, passando por
diversas fases, alcançando a sua forma final, ou seja a União Europeia como a
conhecemos atualmente.
No entanto,
apesar de todas as campanhas a nível nacional e internacional, através da
educação, para que a história não seja esquecida, desde a crise de 2008 que se
instalou a nível Mundial a força da Extrema-direita. Tem aumentado a olhos vistos principalmenteno território onde mais estragos fez, no Continente Europeu.
Em 2018 a
Suécia foi a eleições e a extrema-direita, através do partido Democratas Suecos,
conseguiu ser a terceira força política mais votada elegendo 62 lugares,
registando um aumento de 19 lugares relativamente a 2014, do total de 394
disponíveis no parlamento. Simultaneamente na Finlândia a extrema-direita
conseguiu nas eleições legislativas de 2019 ser eleita como segunda força
politica mais votada, com 39 deputados em 200 possíveis. Com o nome “Partido dos Finlandeses” este revê o seu grande boom em 2011, passando de 5 deputados
em 2007 para 39 em 2011.
No centro
da Europa a extrema-direita também conquistava terreno político, como é o caso da
Holanda, onde nas eleições de 2017 a extrema-direita, representada pelo PVV
conseguiu 33 dos 150 lugares no parlamento. Depois de em 2010 ter passado de 9
lugares de 2006, para 24, dando apoio parlamentar. Em 2017 consegue o que
nunca tinha alcançado, ser o principal partido de oposição ao governo.
No mesmo
sentido foram a Dinamarca em 2015, com 37 dos 179 lugares no parlamento a
pertencer a um partido de extrema-direita, que de resto faz parte da coligação
de direita que se encontra no poder. Pode-se ainda enunciar a Itália, com a
Liga do norte, a Áustria, com o Partido da Liberdade, a Hungria com o Fidesz e o Jobbik, a Alemanha com o Alternativa para a
Alemanha, a França com a Frente Nacional e por último, mais recentemente a Espanha
com o VOX.
Analisando
o panorama geral dos vários parlamentos Europeus, é fácil constatar que em
apenas quatro países Europeus não existe a presença da extrema-direita, ou
seja, não tem assento parlamentar, sendo estes Portugal, Irlanda, Luxemburgo e Malta.
Torna-se
assim necessário analisar a atualidade assim como elaborar possíveis cenários do
que esta força geral da extrema-direita na europa pode significar.
As
eleições europeias têm data marcada para dia 26 de maio e o reflexo deste
cenário pode vir a ser espelhado nos resultados provenientes das mesmas,
mostrando de certa forma, a continuidade da onda crescente que pode não ser
mero acaso, nem uma coincidência de uma fase pela qual passa a Europa. No panorama
geral, sendo a extrema-direita a terceira, segunda ou até principal força de
oposição, quais é que poderão ser os resultados esperados para dia 26? Quais
poderão ser as consequências para uma União Europeia que vê aumentar no seu
coração, um grande número de deputados de extrema-direita que na sua maioria se
intitulam de eurocéticos?
O
projeto europeu pode estar em perigo e tem pela frente umas das eleições
europeias mais importantes da sua história. As sondagens apontam para um crescimento de 40% para os partidos de extrema-direita que se distribuem pelo Partido
Popular Europeu e pela Europa das Nações e das Liberdades, que se se
confirmarem são o resultado da política interna dos países e de um claro crescimento
alarmante da extrema-direita na Europa e que não parece ter data para parar.
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