Pyongyang tem um longo historial no que
toca ao apoio militar a terroristas, milícias e regimes hostis. Nos últimos
anos e ainda nos dias que correm, vários são os registos que confirmam que a
Coreia do Norte vende armas pelo mundo fora, quebra sanções e no entanto, este
é um facto, que mesmo comprovado, acaba por ser ignorado, sobretudo pelos Estados
Unidos da América.
Desde
o terrorismo, ao fornecimento de armas mais leves, e até de armas químicas, a
rede montada por Pyongyang para
apoiar alguns dos regimes mais perigosos do Médio
Oriente e de África é vasta e duradoura e parece não ter fim, ou pelo
menos, parece que ninguém se importa que assim o seja.
Em
Fevereiro do presente ano, constatou-se que de acordo com um Relatório
confidencial da ONU, a Coreia do Norte continuava a vender material militar e
armas químicas por todo o mundo. Isto dias antes da segunda reunião entre Kim
Jong-Un e Donald Trump e com o acordo de paz em cima da mesa.
Assim,
a contradição é algo bem presente na administração norte-americana, por
exemplo, com a rejeição do acordo nuclear com o Irão, que Trump chegou mesmo a considerar
um desastre, devido às atividades desestabilizadoras iranianas no Médio
Oriente. Mas então, se a Coreia do Norte também fornece os grupos mais rebeldes
desta zona, o que a difere do Irão? O que é que a Coreia do Norte tem de
diferente do Irão, para se insistir neste tal acordo mesmo deixando passar à
frente dos olhos que a proliferação e venda de armas por parte deste país é um
facto?
De
acordo, com Mike Pompeo, Secretário de Estado dos EUA, este declarou que a
Coreia do Norte se comporta de maneira totalmente diferente, que não desestabiliza
o Iémen, ou a Síria ou que não ajuda à condução de campanhas de assassinato. No
entanto, num dos relatórios realizado por um painel de especialistas das Nações
Unidas a história estava contada de forma totalmente diferente. Neste,
constatava-se que a Síria era um dos maiores canais de fornecimento de
equipamentos militares para o Médio Oriente e para África, tendo-se apurado que a
Coreia do Norte através de traficantes sírios fornecia armas aos rebeldes Houthi do Iémen, a clientes na Líbia e
no Sudão.
Um
novo relatório da ONU vem confirmar que a Coreia do Norte tem-se saído muito melhor nas suas relações com Donald
Trump. Este relatório de Março de 2019, proferido pelo Conselho de Segurança
das Nações Unidas certifica que relativamente a este assunto nada tem mudado, a
venda de armas permanece e a quebra de sanções também. Tal como se pode ler
neste documento, a República Democrática Popular da Coreia continua a violar o embargo de armas e tentou fornecer armas
pequenas e leves e outros equipamentos militares aos rebeldes Houthi do Iémen, assim como à Líbia e ao
Sudão, tendo como intermediários estrangeiros, incluindo traficantes de armas
sírios. Para além do fornecimento de armas, concluiu-se, ainda que
clandestinamente a Coreia do Norte construiu um campo militar na Serra Leoa.
Deste
modo, temos um país que sistematicamente viola
sanções e financia o crime e o terrorismo, obtém o seu lucro e nada é feito
contra isso. No entanto, ocasionalmente, a verdade vem à tona e esperemos que
seja suficiente. No último
relatório anual do grupo de monitoramento do Painel de Peritos da ONU sobre a Coreia
do Norte, revela-se pormenorizadamente que dois dos departamentos do governo deste
país, nomeadamente o Ministério de Equipamentos Militares e a Organização de
Comércio de Desenvolvimento de Mineração Coreana, venderam uma variedade de
armas convencionais para rebeldes Houthi’s,
para clientes sudaneses e libaneses.
As
armas destinadas ao Iémen foram armas leves, como Kalashnikovs, metralhadoras, misseis antitanque e misseis antiaéreos,
tanques e misseis balísticos. Por sua vez, o painel da ONU fez referência a relações
diretas entre o Ministério da Defesa da Líbia e com o MME norte-coreano em que
o governo de Pyongyang se encontrava
a preparar um contrato de compra e venda dos sistemas de defesa e munição
necessários para manter a estabilidade na Líbia.
Estas
revelações não deveriam ser surpreendentes uma vez que são constantes há algum
tempo. O único elemento mais recente que podemos destacar é que nas negociações
norte-americanas e norte-coreanas, Trump está a ficar para trás, isto porque a
Coreia do Norte continua a vender armas e a projetar-se usando estas atividades
ilegais para tal. Acresce a isto o facto, da administração dos EUA preferir
ignorar este comportamento, não associando a Coreia do Norte ao mesmo, pelo
menos não publicamente. Aliás, Pompeo, chega mesmo vir a público desculpar o
papel coreano nos conflitos do Médio Oriente. Enquanto isto, a Coreia do Norte
vende armas, quebra sanções e nada é feito para contrariar esta situação.
Inês
Vieira Soares nº 222186
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