Presidenciais Ucrânia: O ex-comediante que promete aproximar o país ao ocidente sem esquecer a Rússia
Nascido e criado na Ucrânia numa família de pais engenheiros, Zelensky estudou Direito na universidade da sua terra natal, Kryvyi Rih,mas encontrou o seu talento na comédia e posteriormente na televisão.
Ficou mais conhecido pelos seus trabalhos na Rússia contudo, nos últimos tempos, a sua fama pontua-se pelo seu papel como presidente da república na série ucraniana “Servant of the People”.Na ficção interpreta um presidente honesto e transparente que está numa luta constante para acabar com uma nação corrupta de modo a torna-la mais justa e igualitária. É de realçar que na realidade os seus ideais não divagam dos da sua personagem, sendo que os seus pilares de atuação, caso seja eleito, centram-se na anticorrupção e transparência, contudo o grande destaque está na sua visão para o futuro da política externa ucraniana. Zelensky promove, tal como o ainda atual presidente, uma aproximação da Ucrânia ao ocidente por duas vias: a entrada na NATO e na União Europeia. Em contraposição, o presidente da ficção é a favor do melhoramento de relações com a Federação Russa.
A ocidentalização ucraniana é um tema deveras polémico numa ex-república soviética, onde, hoje, quase 20% da população é de origem russae onde, também existe uma guerra em andamento com a Federação Russa e onde os seus valores e história estão intimamente ligados ao país liderado por Vladimir Putin. Por outro lado, existem benefícios associados a estas possíveis fusões, sendo o primeiro deles e, talvez um dos mais motivadores para a presidência ucraniana, o afastamento da Federação Russa através da proteção militar da NATO e da aliança com os países da União Europeia. O segundo incentivo é de cariz económico, pelo facto da Ucrânia servir como ponte entre a entrada e saída de produtos entre a Rússia e o Ocidente, bem como pela questão do gás natural.
Petro Poroshenko, o atual líder ucraniano, em fevereiro do ano corrente, assinou legislação que vai de encontro aos parâmetros necessários para o pedido de entrada do seu país tanto na EU como na NATO. Apesar das suas diferenças, o ex-comediante já tem o caminho aberto para tornar realidade a ocidentalização ucraniana, tem a base legislativa como também tem os apoios de ambas organizações internacionais, contudo Zelensky destaca a necessidade da inclusão da população na tomada destas decisões.
Volodymyr Zelensky reconhece as diferenças entre o este e o oeste do seu país, e não só por razões geográficas como ideológicas, esta primeira zona não se mostra muito a favor das aspirações europeístas da sua nação. Neste sentido, o mesmo afirma que, apesar de todas as vantagens, é necessário recorrer à realização de um referendo nacionalpois o país não é só composto pela sua área ocidental, divergindo assim das visões do seu atual oponente. Ao contrário de Poroshenko, Zelensky demonstra-se disponível e considera parta da sua futura agenda, caso seja eleito, uma tentava de reconciliação com a Rússia através de negociações com o atual presidente russo, Vladimir Putin.
Apesar da sua visão pró-europeísta e NATO, Zelensky também se mostra disponível para uma reconciliação com a Rússia através dos Acordos de Minsk de 2015, procurando um confronto direto e pacífico com Putin de modo a pôr fim às suas divergências. Procura também melhorar estas relações através da arte e cultura. Tendo trabalhado no país vizinho, este candidato demonstrou-se publicamente contra a proibição de programas russos e de entrada de artistas russos na Ucrânia.
O favoritismo de Zelensky em relação a Poroshenko pontua-se por 4 fatores: a idade, a popularidade, a proximidade e neutralidade. Com apenas 41 anos, ainda jovem, representa uma certa “lufada de ar fresco” bem como o apoio do eleitorado mais jovem. Por outro lado, a sua popularidadeproveniente das suas séries e programas de televisão tornam-no próximo às pessoas, pois viam-no a partir de suas casas e até certo ponto, reveem-se nele, sendo ator já teve a possibilidade de transmitir todo tipo de emoções para o público, é como o mesmo o conhecesse. Por último, ao contrário do atual presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky não mostra pertencer a nenhum dos lados, Europa/Ocidente ou Rússia. Este candidato, apesar de se considerar pró-europeísta não deixou de parte a necessidade do diálogo e reconciliação com a Rússia, o mesmo demonstra a tentativa do encontro de um ponto de equilíbrio entre o passado ( a ligação histórico-política , social e económica com a Rússiaatravés da língua, população e geográfica) e o futuro ( entrada na União Europeia e na Organização do Tratado do Atlântico do Norte – novos aliados políticos e económicos).
Zahra Sulemane
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