A relação
entre os Estados Unidos da América (EUA) e o México sempre se revelou ser algo
conturbada no que se relaciona com a política externa de ambos os países e a
forma como estes devem ou não comunicar entre si.
O forte
tráfego que sempre caracterizou a fronteira entre os principais países da
América Central e da América do Norte, quer em termos demográficos, quer em
termos de tráfego de estupefacientes, originaram uma política de proteção
nacional por parte dos EUA, que nesta relação bilateral e internacional, ganhava
o carácter de “El Dourado”.
Neste
sentido, os EUA começaram por tentar defender as suas fronteiras logo desde
1879, com a fundação no dia 1 de julho da “U.S. Customs Service”. Posteriormente
esta primeira organização, destacada para o controlo da fronteira, viria a
sofrer inúmeros alargamentos nomeadamente em 1891, 1912 e 1924, controlando não
só o tráfego de imigrantes, como também de produtos nomeadamente agrícolas. No
ano de 1924 dá-se um enorme avanço no controlo da Fronteira, sendo alavancado
para o espaço territorial, Brigadas com a tarefa específica de patrulhar os
espaços entre postos de controlo, a que se deu o nome de “Border Patrol”.
O
departamento de segurança interna enfrentava uma das maiores vagas de imigrantes vindos do México, que pretendiam entrar em território Norte-Americano
e nesse sentido em 1952, é permitido pela primeira vez aos agentes do controlo
de fronteiras, procurar nos transportes, que quisessem cruzar a mesma,
imigrantes ilegais.
A eleição
do 45º Presidente dos EUA, Donald Trump, traria um novo momento na relação
fronteiriça com o México. Ao longo de toda a sua campanha, Trump, afirmou que
iria construir, caso fosse eleito, um muro que iria separar os Estados Unidos
da América, do México, dizendo mesmo que “No final, o México vai pagar pelo Muro”.
Na tentativa
de conter uma “Crise Humanitária e de Segurança” o muro seria a solução
indicada por Donald Trump. Com um custo avaliado pela sua administração em 5,7 bilhões de dólares, a sua implantação revela-se atribulada devido a este
encargo financeiro. Contudo, a existência de um muro não é de todo ressente
para os Americanos. Bill Clinton em 1994 levantou cerca de 22, 5 quilómetros
de muro através de quatro operações: Operação Hold-the-Line no Texas; Operação Safeguard no Arizona; Operação Gatekeeper na Califórnia; Operação Rio Grande no Texas. Desde então, até 2009 o muro que marca a fronteira, sofreu um aumento
por mais oito vezes, fazendo no total 930 quilómetros, ou seja, perto de um
terço do total da fronteira (3145 Km). Atualmente, o mesmo já conta com 1047 quilómetros, representando 33% da fronteira, concentrando-se principalmente nas
zonas onde o tráfego de imigrantes era maior e tendo ao longo destes anos,
custado ao povo Americano 2,4 mil milhões de Dólares.
No mandato de Donald Trump o Muro já foi renovado e requalificado em 15% da sua capacidade, sendo também alargado em 22.5 KM ao longo do Vale do Rio Grande, no
Texas, custando cerca de 1,7 bilhões de dólares. Neste sentido, faltaria a
Trump 5,7 Bilhões para evitar a “Crise Humanitária e de Segurança” que se
avizinha. Contudo, o congresso recusou-se a desbloquear essa enorme quantia, o
que resultou no maior “shutdown” de uma Administração Norte-Americana, 38 dias em que 800 mil trabalhadores ficaram sem salários devido ao Braço de ferro entre o Presidente e o Congresso.
Torna-se
então altura de pensar sobre a necessidade e as implicações que podem surgir
como consequência da edificação deste muro. A longa e dura jornada que
atravessam os imigrantes que pretendem alcançar esta fronteira, já se mostrou
ser bastante perigosa, ajudando o muro a complicar ainda mais este trajeto.
Estima-se que entre 1998 e 2014 tenham morrido devido a esta fronteira física cerca de 6,029 pessoas.
É de
extrema relevância ressalvar que atualmente a maior vaga de imigrantes do
Estados Unidos da América, é proveniente de imigrantes que entraram legalmente no território Norte-Americano, mas que acabam por permanecer no mesmo após o expirar do seu visto, sendo do Canadá o maior número de imigrantes deste tipo, seguindo o México, que
de resto em 2017, registou um dos números mais baixos de sempre desde 1971. Apesar deste número ter caído em 2017, continua a ser superior ao número de imigrantes presos a tentar entrar ilegalmente pela fronteira entre estes dois Estados.
Relativamente
ao combate de tráfego de Droga, segundo a entidade competente, "Drug Enforcement
Agency (DEA)", o muro defendido por Donald Trump, também não seria uma mais
valia para os EUA, visto que grande parte dos estupefacientes é traficado pelo "Corredor de San Diego" e pelos próprios postos de controlo em veículos privados,
escondidos entre mercadorias.
Podemos
então concluir que a defesa do alargamento do muro já existente, apenas
resultará, negativamente e de forma trágica a nível Humanitário, visto que não
diminui de forma paralela, nem o tráfego de estupefacientes provenientes do
México, nem diminui o caudal da imigração, pois esta provém de várias direções
e nacionalidades, mostrando que não é de todo erguendo um muro nesta fronteira
que resolverá qualquer tipo de problema.
Será este
um capricho de Donald Trump?
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