A atual crise na Venezuela é uma crise socioeconómica e política que a Venezuela tem sofrido desde o final do governo de Hugo Chávez, tendo continuado até ao atual governo de Nicolás Maduro. A queda do Produto Interno Bruto (PIB), seja nacional ou per capita, entre os anos de 2013 e 2017, é crítica, ultrapassando a dos Estados Unidos durante a Grande Depressão ou a de Cuba após a dissolução da União Soviética. É considerada a maior crise económica na história da Venezuela, sendo apontadas como principais consequências a corrupção e a escassez de produtos básicos.
Em maio de 2018, Nicolás Maduro, foi reeleito, no entanto, o processo eleitoral foi acusado de várias irregularidades por opositores de Maduro e por grande parte da comunidade internacional, que afirma não reconhecer o resultado.
A crise política na Venezuela agravou-se a 23 de janeiro, quando o opositor e presidente da Assembleia Nacional, Juan Guiadó, se autoproclamou presidente interino, com o objetivo de marcar eleições livres e transparentes com vigilância internacional.
No dia 23 de Janeiro, o povo Venezuelano manifestou-se, rejeitando a ditadura de Nicolás Maduro, em resposta ao apelo feito a 12 de janeiro, pela Assembleia Nacional. O regime de Maduro ignorou a vontade do povo pedindo a sua renúncia, respondendo com o anúncio do corte de relações diplomáticas com os Estados Unidos da América, onde foi ordenada a saída dos diplomatas no prazo de 72 horas.
O presidente interino, Juan Guiadó, tem o apoio da União Europeia, do Canadá, de 16 Estados da América Latina e dos Estados Unidos da América. Estes foram dos primeiros países a demonstrar o seu apoio a Guaidó, tendo até enviado ajuda humanitária, como alimentos e medicação, para as fronteiras da Venezuela com o Brasil e Colômbia - mesmo depois de Maduro ter ordenado que as fronteiras fossem fechadas.
Esta ajuda humanitária por parte dos Estados Unidos foi por muitos questionada, pois o Presidente Donald Trump admitiu a possibilidade de uma intervenção militar na Venezuela, caso esta significasse o afastamento definitivo de Nicolás Maduro do poder. Muitos países, como é o caso do Brasil, da Colômbia e de Portugal, já se pronunciaram sobre a crise política venezuelana, optando por uma solução pacífica, baseada em eleições livres e sem uma intervenção militar.
Quando se fala nos interesses dos Estados Unidos no território venezuelano, um dos motivos mais apontados é o da Venezuela ser o terceiro fornecedor de petróleo para os EUA, existindo a possibilidade de deter cerca de 9% desse mercado.
Ou seja, embora seja muito vantajoso para os Estados Unido importar de um país próximo, cujas reservas comprovadas são as maiores do mundo, é de notar que a Venezuela depende muito mais do mercado norte-americano do que o contrário. No entanto, não podemos só olhar para os 9% do mercado petrolífero, é necessário, também, entender que a Venezuela é uma peça relevante na triangulação “EUA-China-Rússia”, sendo estes dois últimos, os principais países ameaçadores ao Imperialismo dos Estados Unidos, e também os maiores apoiantes de Maduro.
A ajuda humanitária que vem de Washington parece vir disfarçar aqueles que sãos, verdadeiramente, os interesses norte-americanos: não só a manutenção de uma superioridade política na América Latina, como também os interesses económicos no território Venezuelano. As boas intenções e a ajuda humanitária prestada pelos Estados Unidos no Médio Oriente, em países como o Afeganistão e o Iraque, tiveram consequências catastróficas. Consequentemente, é necessário prestar atenção às intenções norte-americanas na Venezuela, pois uma intervenção militar só irá prejudicar ainda mais o desenvolvimento do país.
O conflito venezuelano deixou de ser exclusivo da Venezuela, tornando-se num conflito internacional, onde a geopolítica mundial e os seus problemas entraram em cena, num contexto multipolar e globalizado.
Um cenário possível e legítimo seria o de o Governo de Maduro iniciar negociações e acordos com o objetivo de convocar eleições. Contudo, este cenário só será possível com a pressão da comunidade Internacional. A pressão internacional tornaria impossível para Maduro governar em tais condições e obrigá-lo-ia a convocar eleições. Este seria o caminho acertado a seguir, sem intervenções militares por parte dos Estados Unidos, mantendo a soberania da Venezuela e a vontade do povo venezuelano.
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