As
históricas relações Índia-Paquistão, antigas colónias britânicas, marcadas pelo
ódio religioso e político entre ambas as nações, culminaram numa guerra aberta
entre as duas potências nucleares relativamente à situação de Caxemira. Para a
comunidade internacional, esta região encontrava-se sob o domínio indiano,
contrariando a opinião do governo paquistanês, que defende a pertença do
território de Caxemira ao povo, considerando que apenas este pode decidir o seu
posicionamento. Já desde 1947 que o conflito entre a Índia e o Paquistão
proporcionou três guerras e milhares de mortos, tendo sido alargado além das
suas fronteiras, numa constante
dinâmica de provocação e contraprovocação. Como prova disso, temos os
acontecimentos mais recentes. Ainda no mês de fevereiro, foi noticiado um ataque
terrorista no distrito de Pulwama,
situado na região norte de Caxemira, pertencente ao território indiano, que
acabou por ser reivindicado pelo Paquistão através de um vídeo com uma mensagem
do bombista suicida. Este ataque foi considerado o mais mortífero desde o
início do conflito. Como consequência, ou vingança, a Índia enviou aviões
militares, com o objetivo de bombardear as principais posições de ataque
paquistanesas; no entanto este ataque não foi totalmente bem sucedido já que as
Forças Armadas do Paquistão conseguiram abater dois destes aviões, mantendo em
cativeiro um dos pilotos indianos. O Governo indiano exigiu desde logo a
libertação do seu piloto, ao mesmo tempo que acusava o país vizinho de conferir
proteção a grupos terroristas islâmicos.
Os
dirigentes políticos destes dois países chegaram mesmo a apelar ao “bom senso”
e à “calma”, embora acabem por se atacar mutuamente. Dentro da relação
bilateral Índia-Paquistão encontra-se Israel. Um país muito criticado por uns e
apoiado por outros relativamente à sua relação com a Palestina, acentuou o
apoio dado ao governo indiano, principalmente a partir do momento em que se
tornou conhecida a existência de bases militares jihadistas no Paquistão. No
entanto, as relações diplomáticas entre a Índia e Israel, que duram desde 1992,
são caracterizadas pela recusa do Islão – Israel está do lado do governo
nacionalista indiano, numa espécie de aliança anti-islâmica -, ao mesmo tempo
que o comércio legal de armas entre estes dois países aumenta a cada dia que
passa, sendo Israel
o maior fornecedor de armas do exército indiano. É de salientar que, em
2017, grande parte do orçamento indiano reservado ao departamento da defesa foi
gasto em mecanismos provenientes das fábricas de armamento israelita, sendo os
mísseis ar-terra os mais conhecidos por terem sido testados em primeira
instância nas ofensivas militares contra a Palestina. Contrariamente, estima-se
que a Índia tenha a terceira maior população muçulmana residente do mundo,
atrás da Indonésia e do Paquistão.
Alguns
investigadores e historiadores indianos defendem a ideia de que o sionismo e o
nacionalismo de Narendra Modi, Primeiro-ministro indiano, não se deve tornar a
base da relação Índia-Israel, já que ambos os países combateram o antigo
império britânico. A convergência de ideias entre o Partido do Povo Indiano e o
Likud (partido israelita) fomenta a teoria de que os hindus foram “vítimas
históricas” às mãos dos muçulmanos, o contribui para a força da aliança
anti-islâmica e, consequentemente, o conflito com o Paquistão. Estes mesmos
investigadores dizem que a relação entre a Índia e Israel deveria ser
pragmática e não ideológica, embora seja algo difícil de transformar devido aos
fins do comércio
de armas entre estes países.
Noticiado
pela imprensa indiana, as bombas utilizadas no último ataque aéreo feito pela
Índia ao seu vizinho Paquistão tiveram origem em Israel que, apesar de tudo, se
orgulha da morte dos “terroristas” anteriormente sitiados no Paquistão. Da
parte deste último país referido, não há registos de que este esteja a receber
apoio externo para fazer face aos seus adversários.
Nos
últimos anos, as disputas reduziram-se à linha fronteiriça, embora estes países
tenham decidido iniciar a produção de armas nucleares, tentando sempre evitar o
surgimento de uma guerra em maior escala. Em termos práticos, toda esta
situação se apresenta como uma “ameaça” à comunidade internacional, já que não
se restringe apenas à dimensão ideológica dos governos, tornando-se um fenómeno
caracterizado por práticas religiosas em paralelo com as políticas nucleares e
de armamento aplicadas, ao mesmo tempo que a influência israelita no
governo indiano e, consequentemente, a sua aliança anti-islâmica não permite
prever um desfecho para este conflito.
Fonte do cartoon: https://www.middleeastmonitor.com/20190228-israeli-bombs-and-rhetoric-are-dropped-on-both-palestine-and-kashmir/
Maria Inês Jorge, 221468
Maria Inês Jorge, 221468
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