A guerra comercial entre a China e os
Estados Unidos da América, promovida pelo presidente Trump, pode ser vista como
uma tentativa da maior potência do mundo impedir a segunda de a ultrapassar. Uma
guerra física entre estas duas potências seria improvável, uma vez que a existência
de armas nucleares a tornariam excessivamente destruidora para sequer beneficiar
vencedor. Também o sistema de alianças, formais ou informais poderia contribuir
para um resultado ainda mais imprevisível. Tendo isto em conta, uma guerra
comercial parece ser a opção tomada pelos EUA para diminuir a influência
chinesa. A China tem, inclusive, demonstrado preferência por exercer a sua
capacidade económica acima da capacidade militar, de modo a promover a sua
política externa. Como se pode ver pela iniciativa one belt one road.
Os
sentimentos de animosidade por parte dos EUA para com a China não são, de
maneira nenhuma, novos. De facto, já os antecessores de Trump (entenda-se Obama
e Bush Jr.) participavam na retórica anti-China. Talvez a isto se deva o facto
da China não ter encarado seriamente a retórica de Trump.
No entanto o presidente Trump,
ao contrário dos seus antecessores, tornou a sua retórica realidade. Elevando
tarifas contra produtos chineses, procurou ferir o setor manufatureiro chinês
de modo a reconquistar postos de trabalho e a conseguir certas conceções por
parte da China, como leis que protejam a propriedade intelectual. Por sua vez,
a China respondeu com tarifas específicas, desenhadas com o intuito de ferir Estados
republicanos e, deste modo, enfraquecer a posição de Trump. Optaram também por
outros mercados, quando isso era possível.
A guerra comercial parece, por
enquanto, ter afetado mais a China. Devemos ter em conta que as importações da
China provenientes dos EUA, representam, segundo números da BBC e do US Census Bureu, 130 mil milhões, já asimportações dos EUA da China estão avaliadas em 506 mil milhões. Neste sentido,
parece lógico que as tarifas afetem mais a China, uma vez que o corte seria
mais significativo. Contudo, há que referir que o aumento das tarifas significa
um aumento de preços, tanto em bens de consumo como nas matérias primas, o que
teria um efeito dominó na escalada de preços.
Com a aproximação das eleições, a posição do presidente Trump enfraquece. Em primeiro lugar, o apoio popular da guerra
comercial a Trump pode começar a faltar, especialmente se tivermos em conta que
são os Estados republicanos os mais afetados. Em segundo lugar, o Presidente
Trump (que ainda para mais tanto se orgulha da sua capacidade de negócios)
quererá mostrar que venceu a guerra e, portanto, poderá ser forçado a fazer um
acordo que lhe faça parecer bem diante dos seus eleitores, mesmo que tal não
beneficie os EUA a longo prazo. Os próprios EUA, como Estado, com a aproximação
das eleições ficam enfraquecidos, uma vez que o próximo presidente pode não
querer continuar a guerra comercial. Por sua vez denota-se, também, relatos
sobre uma posição mais frágil de Xi. Que enfrenta agora, um atraso na economia,
coincidente com outros problemas económicos, como a crise imobiliária que se enfrenta
em parte da China.
Por
fim, há que referir que ambos os líderes tem tentando manter uma relação
aparentemente boa. Vejamos que o presidente Trump intitula a relação de amboscomo uma “amizade”, e, do lado chinês, Xi pediu às televisões chinesas para não publicarem nada em relação ao Trump, o que pode, de facto, indicar uma aberturaa finalizar a guerra.
Em
conclusão, apesar da imprevisibilidade do começo desta guerra comercial, esta
poderá ser vista como o auge de um acumular de pressões que receberam um
impulso pela eleição de Donald Trump. Contudo, o final da guerra e o seu
vencedor são imprevisíveis, inclusive pelas circunstâncias internas que
condicionam o progresso da guerra. Esta guerra, a meu ver, dependerá também da
resiliência dos cidadãos dos dois países e da sua determinação em ganhar a
guerra comercial, sendo, por isso, necessário sejam capazes de suportar
sacrifícios imediatos.
Rafael Pequito de Almeida, nº221479 3ºano de Ciência Política
Referências Adicionais:
Imagem:
https://www.indianeconomy.net/main/trade-war-dog-fight-china-retaliates-tariff-60-bn-us-imports/
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