Guerra comercial: Trump vs China



         A guerra comercial entre a China e os Estados Unidos da América, promovida pelo presidente Trump, pode ser vista como uma tentativa da maior potência do mundo impedir a segunda de a ultrapassar. Uma guerra física entre estas duas potências seria improvável, uma vez que a existência de armas nucleares a tornariam excessivamente destruidora para sequer beneficiar vencedor. Também o sistema de alianças, formais ou informais poderia contribuir para um resultado ainda mais imprevisível. Tendo isto em conta, uma guerra comercial parece ser a opção tomada pelos EUA para diminuir a influência chinesa. A China tem, inclusive, demonstrado preferência por exercer a sua capacidade económica acima da capacidade militar, de modo a promover a sua política externa. Como se pode ver pela iniciativa one belt one road.


No entanto o presidente Trump, ao contrário dos seus antecessores, tornou a sua retórica realidade. Elevando tarifas contra produtos chineses, procurou ferir o setor manufatureiro chinês de modo a reconquistar postos de trabalho e a conseguir certas conceções por parte da China, como leis que protejam a propriedade intelectual. Por sua vez, a China respondeu com tarifas específicas, desenhadas com o intuito de ferir Estados republicanos e, deste modo, enfraquecer a posição de Trump. Optaram também por outros mercados, quando isso era possível. 

            A guerra comercial parece, por enquanto, ter afetado mais a China. Devemos ter em conta que as importações da China provenientes dos EUA, representam, segundo números da BBC e do US Census Bureu, 130 mil milhões, já asimportações dos EUA da China estão avaliadas em 506 mil milhões. Neste sentido, parece lógico que as tarifas afetem mais a China, uma vez que o corte seria mais significativo. Contudo, há que referir que o aumento das tarifas significa um aumento de preços, tanto em bens de consumo como nas matérias primas, o que teria um efeito dominó na escalada de preços.

 Com a aproximação das eleições, a posição do presidente Trump enfraquece. Em primeiro lugar, o apoio popular da guerra comercial a Trump pode começar a faltar, especialmente se tivermos em conta que são os Estados republicanos os mais afetados. Em segundo lugar, o Presidente Trump (que ainda para mais tanto se orgulha da sua capacidade de negócios) quererá mostrar que venceu a guerra e, portanto, poderá ser forçado a fazer um acordo que lhe faça parecer bem diante dos seus eleitores, mesmo que tal não beneficie os EUA a longo prazo. Os próprios EUA, como Estado, com a aproximação das eleições ficam enfraquecidos, uma vez que o próximo presidente pode não querer continuar a guerra comercial. Por sua vez denota-se, também, relatos sobre uma posição mais frágil de Xi. Que enfrenta agora, um atraso na economia, coincidente com outros problemas económicos, como a crise imobiliária que se enfrenta em parte da China.


Em conclusão, apesar da imprevisibilidade do começo desta guerra comercial, esta poderá ser vista como o auge de um acumular de pressões que receberam um impulso pela eleição de Donald Trump. Contudo, o final da guerra e o seu vencedor são imprevisíveis, inclusive pelas circunstâncias internas que condicionam o progresso da guerra. Esta guerra, a meu ver, dependerá também da resiliência dos cidadãos dos dois países e da sua determinação em ganhar a guerra comercial, sendo, por isso, necessário sejam capazes de suportar sacrifícios imediatos. 
Rafael Pequito de Almeida, nº221479 3ºano de Ciência Política



Referências Adicionais:







Imagem:
https://www.indianeconomy.net/main/trade-war-dog-fight-china-retaliates-tariff-60-bn-us-imports/


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